Suicídio – a visão espírita revisitada

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Quadro A Melancolia de Edvard Munch

Há muito queria escrever algo sobre o suicídio e aproveito esse setembro amarelo, em que se faz uma campanha nacional de prevenção ao suicídio, para lançar ao público algumas das reflexões que tenho feito sobre esse tema de grande relevância. Pelo excelente documento preparado pela Associação Brasileira de Psiquiatria, com o título Suicídio, informando para prevenir (http://www.flip3d.com.br/web/pub/cfm/index9/?numero=14)  são 10 mil pessoas que se matam por ano no Brasil e quase um milhão no mundo! Temos, portanto, de falar sobre isso! E fazer algo a respeito.

A cena mais bela e forte de um filme que adoro – Lutero – é quando ele toma nos braços o corpo de um rapazinho que se suicidara e cava ele mesmo a terra, para enterrá-lo. Esse ato significava um gesto de empatia e compaixão para com o rapaz e para com a família e uma forma de resistência à inapelável condenação que a Igreja sempre lançou sobre os suicidas, nunca permitindo que fossem sepultados em “terra santa”.

Aliás, o suicídio é fortemente condenado pelas religiões em geral.

O Espiritismo, rompendo no século XIX com a ideia de condenação eterna e de inferno como um local de expiação, amenizou esse julgamento inapelável. Mas nem tanto. As reverberações atávicas da Igreja ainda ressoam hoje no movimento espírita, como veremos.

Examinemos primeiro Kardec. Em pleno século XIX, quando a Igreja católica ainda falava em inferno material, Kardec proclamou que céu e inferno são estados de consciência e não estão fora da alma humana. Hoje, o Catecismo oficial da Igreja também entende assim. Para mostrar o estado de consciência de Espíritos das mais diferentes categorias, com histórias de vida e de morte distintas, Kardec realizou em Céu e Inferno, entrevistas minuciosas com eles, através de diferentes médiuns, procurando perscrutar o que sentiam, o que viam, como estavam…

As entrevistas são sóbrias. Os suicidas se mostram em sofrimento sim, e afirma-se que o suicídio é uma infração às leis divinas. Aparece, segundo a linguagem da época, hoje para nós incômoda, como em várias obras de Kardec, a palavra castigo. Entretanto, sempre entendido como uma consequência natural dos atos praticados. Entre os motivos de suicídio dos entrevistados, havia a solidão e o abandono, o alcoolismo aliado à mendicância, a perda de entes queridos, a perda da fortuna, o amor não correspondido e o tédio existencial… esses motivos ainda estão presentes entre as causas de suicídio na atualidade. E as condições de consciência apresentadas pelos entrevistados eram de desapontamento, angústia, escuridão e alguns se viam junto ao corpo – mas isso não é regra.

O suicídio é tema recorrente na maioria dos 12 volumes da Revista Espírita, demonstrando que Kardec tinha uma grande preocupação com o assunto. Em julho de 1862, escreve um artigo intitulado Estatística dos Suicídios, fazendo uma análise sobre o aumento dos suicídios na França, e procurando apontar as causas, lamentando que não existam pesquisas a respeito. Hoje, há essas pesquisas em todo mundo. Entre as que Kardec reconhece em seu tempo estavam as doenças mentais, problemas sociais, e sobretudo, o avanço do materialismo e a falta de perspectiva existencial. O artigo continua muito atual e revela bem como Kardec procurava abordar as questões, abrangendo todos os seus aspectos e procurando soluções educativas e preventivas. Para ele, a maior prevenção possível para o suicídio seria o conhecimento seguro e com contornos mais precisos da vida pós-morte, que o Espiritismo nos dá. Demonstrada a imortalidade, de maneira clara e racional, o suicídio perde sua razão de ser.

No Brasil, como sabemos – e inclusive isso hoje é objeto de teses acadêmicas, feitas por pesquisadores não-espíritas, mas já era opinião de um Herculano Pires, por exemplo – o Espiritismo desenvolveu-se num caldo cultural eminentemente católico e por isso acentuou aquilo que já nos incomoda em Kardec – com palavras como castigo por exemplo, o que pode induzir a uma ideia antropomórfica de Deus – mas deixaou de lado aquela racionalidade sóbria e crítica e aquele espírito científico de observação, que fazem a originalidade e conservam a atualidade do mestre.

No caso do suicídio, temos o clássico da nossa querida Yvonne Pereira, Memórias de um Suicida, que estou relendo no momento, anos depois das primeiras leituras. E realmente o tom do livro em alguns aspectos parece-me hoje excessivo. Há coisas interessantes, como a própria Universidade que os personagens frequentam. Mas os suicidas são chamados o tempo inteiro de criminosos, réprobos, condenados… e causa espécie também a descrição pavorosa daquele vale nas trevas profundas, para onde foram arrastados e aprisionados – como se fosse uma espécie de campo de concentração de suicidas. Eu mesma, em meus 40 anos de mediunidade, já recebi inúmeros suicidas que não estavam em vale nenhum. Um caso de suicídio relatado por exemplo, no livro Missionários da Luz, de Chico Xavier, também não descreve o espírito no vale e muito menos os entrevistados de Kardec.

Outras narrativas por outros médiuns brasileiros seguem trilhas parecidas ao livro de Yvonne. Tudo muito pesado, determinista, condenatório. Não há as nuanças do pensamento de Kardec, que a toda hora avisa que cada caso é um caso, que há muitas atenuantes, que há causas psíquicas, sociais, filosóficas dos suicídios e que precisamos preveni-los.

Isso significa que esses vales não existem? Que são ilusões dos médiuns? Existem sim aglomerações no Plano Espiritual (embora Kardec não tenha tratado disso, há inúmeras narrativas a respeito e eu mesma já visitei algumas). Mas não são lugares necessários a que as pessoas irão. São espíritos reunidos na mesma afinidade de pensamentos, que projetam o ambiente consciente ou inconscientemente e vivem na mesma faixa vibratória e de lá podem sair na hora em que mudarem o vetor vibratório.

Há muitos espíritas que pensam que, ao desencarnarem, passarão um período no Umbral, como os católicos achavam que iriam passar necessariamente pelo purgatório. Isso é materializar e generalizar demais as circunstâncias espirituais de cada consciência. Kardec foi bem mais sutil.

A posição de Kardec em relação ao suicídio, mais analítica, mais preocupada com as causas e com prevenção do que em aterrorizar os vivos com os horrores do vale dos suicidas, é muito mais próxima da perspectiva contemporânea.

Hoje se sabe que a depressão (e outras doenças mentais) é a causa de muitos suicídios – ora, a depressão é uma doença psíquica que requer cuidados, amparo, terapias e, às vezes (penso que menos do que se dá) remédios. Aliás, os medicamentos devem justamente entrar, a meu ver, sobretudo quando a pessoa está correndo o risco de se matar. O próprio Kardec avisava no século XIX, quando a Psiquiatria estava apenas nascendo, que se o indivíduo estivesse doente mentalmente, isso lhe isentaria ou ao menos atenuaria muito sua responsabilidade no suicídio. Ora, hoje, considera-se que o suicídio quase nunca é praticado por pessoas que estão saudáveis psiquicamente. Isso já descriminaliza grande parte dos suicidas, nos critérios de Kardec.

Hoje se estudam os fatores de risco do suicídio e além das doenças mentais, há os abusos sofridos na infância, a falta de sentido existencial, tipo de personalidade impulsiva etc. Em todos os casos, identificados os riscos, acompanhando-se de perto a pessoa que os apresente, com atenção, cuidados psíquicos e médicos, o suicídio pode ser evitado. Logo, algo que pode ser prevenido não é apenas um problema individual, mas uma questão social, coletiva. Somos todos responsáveis.

Lembro-me de um livro fantástico, escrito por Pestalozzi, no virar do século XVIII para o século XIX. Chama-se Legislação e Infanticídio e é considerado o primeiro livro de sociologia escrito antes mesmo do advento dessa ciência. Nessa obra, Pestalozzi examina uma grave questão criminal que estava ocorrendo na Suíça do seu tempo. Mulheres eram condenadas à prisão por terem assassinado seus filhos recém-nascidos. Qualquer pessoa diria na época e ainda hoje: mulheres monstruosas, criminosas, que mereciam toda punição. Pois Pestalozzi não se contentou com essa resposta simplória, já que matar o seu próprio rebento não é algo tão natural assim… (assim como o suicídio, que contraria o instinto de sobrevivência, também não é!) Foi se debruçar sobre os processos de julgamento dessas mulheres, para saber da história delas e constatou que a sociedade era culpada, sobretudo os homens. Eram todas mulheres que vinham do campo para a cidade e ao chegarem eram seduzidas por homens (sim, isso existia 200 anos atrás!), que depois as abandonavam. Grávidas solteiras, não havia escolha para elas. Ao contrário das sociedades católicas, que sempre deram um jeito de remediar o pecado, com Casas de Misericórdia, Conventos, ou mesmo prostituição, o universo protestante, calvinista, não tinha válvulas de escape. As mulheres ou se matavam ou matavam seus filhos. Ninguém iria se casar com uma mãe solteira, mulheres não podiam ter profissão e independência e no caso da velha Suíça calvinista, nem putas ou freiras elas poderiam ser… Pestalozzi então responsabiliza a moral rígida, a sociedade intransigente e os homens que abusavam e se desresponsabilizavam…

Esse é um exemplo para mostrar o quanto aquilo que consideramos crimes monstruosos sempre têm que ser analisados dentro de seus contextos, com olhos abrangentes e de preferência seguindo-se aquelas recomendações de Jesus: “não julgueis para não serdes julgados” e “quem estiver sem pecado, atire a primeira pedra”.

Nossa visão contemporânea de compreender o suicídio como uma questão de saúde pública é muito mais cristã do que esses arroubos condenatórios, implacáveis, inapeláveis. O suicida é um espírito em sofrimento, sim. Mas ele já estava em sofrimento na terra. E não foi suficientemente visto, socorrido, amparado. Quando ele pratica esse ato, ele está se ferindo a si mesmo. Agora, que espécie de Pai seria Deus se ainda punisse esse ato, se nós, pais terrenos, imperfeitos, ao vermos uma criança se machucar a si mesma, seja por descuido, teimosia ou inexperiência, corremos a socorrer a criança, trazendo remédio, enxugando as lágrimas, cercando de consolo? Não consideraríamos abaixo de qualquer crítica um pai ou uma mãe que ainda espancassem a criança machucada ou a deixassem chorar sem socorro, ou se sentissem pessoalmente ofendidos com a queda do pequeno?

Ora, há gente que advoga que o suicídio é uma ofensa a Deus!! E Deus lá pode se ofender? O suicídio é o ato de um espírito imaturo, inconsciente, desesperado ou mesmo teimoso, de se ferir a si próprio. Ele terá de curar a ferida que fez em si. Mas a misericórdia de Deus é infinita.

Nesse caso, gosto bastante da ideia presente no livro Memórias de um Suicida, em que se conta que Maria de Nazaré é um Espírito que dirige uma falange de almas que socorre os suicidas. Porque é bem isso: o suicida é uma criança machucada, que precisa de um colo materno.

Faz parte da nossa evolução psíquica, social, espiritual, deixarmos de lado essas visões tão trágicas de culpa e castigo e avançarmos para uma visão de que tudo no universo é educativo. Sofrimento há, mas é transitório. E cabe-nos trabalhar para minimizá-lo e até extingui-lo, como propunha Buda. Para isso, cabe-nos sempre perdoar a nós mesmos, perdoar o outro e saber que Deus nem precisa nos perdoar, porque sabe que estamos aprendendo.

Numa das mais impressionantes manifestações de um Espírito suicida, que já tive, observei que ele estava num lugar bonito, amparado por almas amigas, mas sofria intensamente: não conseguia se perdoar por ter feito o que fez, ter ferido a si mesmo e a família. Então, assim podemos ler um relato como o de Camilo Castelo Branco no livro de Yvonne: ele próprio se qualificava de criminoso, réprobo etc. Isso é da consciência acostumada a agir com o próximo e consigo mesma de maneira dura e implacável. Precisamos superar isso e caminhar no sentido da misericórdia, do perdão e sobretudo do amor, que cobre a multidão de pecados, como dizia Jesus.

E o que podemos fazer concretamente para evitar o suicídio à nossa volta?

Não poderia deixar de mencionar a educação, como a mais eficaz prevenção em relação ao suicídio. Mas que educação? Não é certamente essa que é dada nas escolas, que nem a função de instruir faz bem feita.

Mas sim uma educação que procure cercar o indivíduo de fortes e sólidos afetos, de modo que ele nunca se sinta sozinho.

Uma educação que trabalhe sentido existencial, resiliência diante da dor, projeto de vida…

E sobretudo, uma educação que cuide desde cedo da espiritualidade e que abra uma perspectiva de eternidade e transcendência.

Quadro A Melancolia de Edvard Munch


35 respostas para “Suicídio – a visão espírita revisitada

  • Alexandre Pereira

    Alguns livros mediúnicos atrapalham mais do que ajudam ao descrever detalhes das trevas e umbral. Detalhes que impressionam mas, e daí? Quem pode comprovar se são verdadeiros? Só servem para deixar nosso pensamento mais ligado às trevas que ao anseio pela evolução, pela curiosidade, por ver tantas coisas bonitas que não conhecemos no Universo. Em Kardec sinto que o pensamento é tudo e que a alma é livre para ir em frente, enquanto que em outros livros a meta parece ser nos livrarmos do umbral e conseguirmos ser servidores e ter uma casinha numa colônia espiritual com um bom crédito em bônus horas. Aí já tá ótemo. Tudo ainda muito material. E no fim fica a ideia de que a obra de Deus consiste só em criar espíritos que vão ajudar espíritos mais novos, que são criados infinitamente, num mito de Sísifo. Obrinhas mediúnicas ruins podem ser muito frustrantes para quem procura preencher o vazio existencial.

    • Debora Rocha

      Toda a Obra de Kardec nos dá impulso para a autoeducação, nos impulsionando para a Evolução.

      • Duco, non ducor. (@EternalTrinity)

        Finalmente alguém que pensa como eu, ótimo questionamento. E o povo espírita tem uma mania de dar umas respostinhas repetitivas, só papagaiando o que foi dito por Kardec ou Chico Xavier. Ninguém questiona mais nada, é só se acomodar ou acomodar as mudanças conforme o palavrório espírita. É basicamente uma estagnação. Chega a ser infantil. Pena que não vou estar viva quando a Ciência enterrar os delírios espirituais, incluindo os de todas as religiões.

      • Matheus Aragão

        E o que você entende por delírio espiritual? Quanto a Ciência, ela está imbuida ainda de muitos preconcneitos, e usando sua idéia, ainda levará muito tempo para se dispor a continuar a investigação do que está além dessa matéria densa onde estamos inseridos.

    • MFB

      Alexandre Pereira, perdão, mas você tem alguma crença? Observe que o “ponto chave” do espiritismo é a evolução do ser.

      Se observar quaisquer conceitos religiosos sobre a pós-morte perceberá que nenhuma lhe dá uma explicação lógica e normalmente tem-se como resposta o “mistério”.

      Não fosse a evolução quem seria Deus? alguém que brinca de criar espíritos, pô-los na terra para que alguns sofram em desfavor de outros e depois todos morram e aguardem um “paraíso”?

      A evolução do espirito pode, ou tenta poder, explicar que nada se cria tudo se transforma, assim sendo há justiça e lógica neste conceito, inclusive se parar para refletir sobre o livre arbítrio, aonde você terá nesta sua vida, por exemplo, a oportunidade de partir melhor para conviver junto com quem já melhorou e assim sucessivamente até graus que jamais poderá entender, nem mesmo com a mais avançada das ciências.

      O Universo é infinito, portanto, impossível de ser explicado pelos humanos.

      Apenas leve uma vida honesta e digna, seja um bom usuário das ferramentas mais preciosas que Deus lhe deu – A caridade, compaixão, benevolência, e, use-as para sua evolução.

      Quando chegar a sua hora saberá que sua vida não terá sido em vão.
      Fique em Paz

  • Renato Caetano de Jesus

    Interessante texto. Gosto de pensar e uma ideia que admito não e minha, que como tudo que acontece neste plano as reurbanizações também ocorrem primeiro onde mais é preciso.
    Natural pensar então em espaços redimensioandos, saneados e limpos para um tempo novo.
    Sugiro o site cvv. org.br. há cartilha intitulada “falando abertamente sobre suicídio” e com foco importante nos jovens, está faix etária onds aos o suicídio está grassando.
    abraços.
    Remato

  • Leonila Góis

    Muito bom seu artigo Dora. A minha filha mais velha suicidou-se. E eu nunca consegui aceitar os critérios da Igreja Católica, como os enunciados da Doutrina Espírita para essa atitude do ser humano. Já estava mai que na hora de se rever esses conceitos, principalmente dentro da Doutrina Espírita. Parabéns!

  • Marcelo

    É sabido que o espírito, ao desencarnar, irá permanecer onde está seu coração por uma questão de afinidade. E é sabido também que existem pessoas que gostam de se aproveitar do sofrimento dos outros, como uma forma de prazer.

    Não é difícil conceber, observando estas assertivas, um local de aglomeração de espíritos por afinidade de sentimentos e vibrações.

    Longe de ser um livro que visa aterrorizar, o livro “Memórias de Um Suicida” é um livro informativo, com uma riqueza imensa de detalhes, o qual reconendo sua leitura. O que acontece é que muitos palestrantes espíritas, ainda presos a definições de outras religiões, transformam o tema em ameaças.

    Não nos é possível determinar o destino de alguém após seu desencarne, visto que este destino é traçado por sua própria consciência em comunhão com os desígnios de Deus. Existe muita especulação e julgamento de nossa parte, o que é errado.

    Pensemos…

    Grande abraço.

    • Caio Cardinot

      Gostei muito Marcelo! Seus comentários foram muito pertinentes em meio a essas pitadas de irreverência com uma obra do porte de Memórias de um Suicida, revista pelo próprio Léon Denis.

      “Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares.” (ESE)

      Acho prudente que, enquanto não obtemos a universalização do ensino dos Espíritos, coloquemos os nossos achismos de lado, pois o Conhecimento Espírita não é feito de opiniões individualizadas, nem de Espíritos, nem de encarnados prepotentes.

  • Neusa Maria

    Bom Dia, Dora!

    Amei o seu texto! …realmente uma verdadeira análise desta situação em que muitos irmãos, pelo desamor a si , em primeiro lugar, o leva a cometer está barbárie… Transcender sentimentos é exercício que estamos ainda distantes a praticá-los, mas, não são impossíveis. Ensinar a amar-se, compreender seu verdadeiro lugar na Criação, acredito ser princípio fundamental! Falar alto e a bom som sobre o “Amor a si mesmo” ” Amar-se para amar”! Agradeço por me enviar este texto, claro, imprescindível a todos nós! Vou divulgar!

    Abraços, Muita Luz e Paz!

    Neusa Maria Cereser n.26maria@hotmail.com 11 9 9654 4772

  • Litza

    Texto necessário! Como muitos de seus textos, que frequentemente discuto com meus alunos!

  • Nelson Alves da Silva

    Eis um texto com um enfoque transformador, em que a problemática que envolve o tema Suicídio foi revisitada com olhos de ver, trazendo-nos a essência da pedagogia Kardequiana e de Pestalozzi, fechando com o ensinamento máximo de Jesus, para que busquemos praticar soluções fundadas no estágio de evolução de cada ser e no amor….. Que possamos rever algumas ideias cristalizadas que carregamos! Vou divulgá-lo!

  • CRUZADA ESPÍRITA PAULO DE TARSO

    Boas reflexões para serem trazidas à luz da DE. Assim como o suicídio há outras questões que merecem à nossas atenção, principalmente, no que diz respeito ao que chamamos de kardecismo e os que rotulam conteúdos individuais de certos espíritos que pululam na mídia espírita, como DE.

  • Mário Joanoni

    Dora, como sempre, você abordou vários ângulos com bastante profundidade, nos fazendo refletir sobre questões antes não pensadas, por isso, sempre, nossa gratidão. A metáfora sobre Maria e a criança machucada ao colo, foi sublime. Como você pede para comentar na postagem do artigo no facebook, eu reforço sempre (e falo isso nas poucas palestras que fiz nas Casas Espíritas sobre o tema) que está na hora de os Espíritas encararem a pessoa enferma mental, principalmente os depressivos, como alguém que precisa sim de passes, boas leituras, aconselhamentos, mas, antes de tudo, o encaminhamento urgente para médicos especialistas, para que o tratamento no aparelho biológico e as diversas terapias reconhecidas pela ciência sejam aplicadas. Muitos precisam se conscientizar e ver a depressão como o mal do século, que é real, que é a porta de entrada para o suicídio, e não procurar soluções ‘mágicas’ para o candidato à fuga temporária dos compromissos interexistenciais. “Ah, minha filha, leia este livro do Chico que vai passar”… E a vítima sequer consegue elaborar raciocínios lógicos. “Ah, você deve estar pagando por um erro que cometeu no passado”, e o paciente sequer consegue vislumbrar seu presente,muito menos o futuro… Não descreio de terapias alternativas nem dos tratamentos espirituais eivados de boa vontade, mas em se tratando de depressão aguda, o choque químico tem de ser imediato para restauração da capacidade mínima de pensar e valorar a vida. Neste caso, o combate aos efeitos vem antes do que às causas, quando não se é possível fazer isso concomitantemente. Obs. Quanto à linguagem do “Memórias de um Suicida”, que classifica os espíritos nessa condição de réprobos e outros adjetivos ‘pesados’ , eu credito mais à baixa estima e arrependimento experimentados à época pelo missivista – Camilo Castello Branco – do que a uma impressão geral da equipe espiritual que ajudou Yvone do Amaral Pereira trazer à luz essa obra irretocável. E nos lembramos com alta emoção dos relatos do heroísmo dela ao fazê-lo, anos depois de psicografar, quando ainda titubeante pela forma cristalina com que as questões foram trazidas. É uma obra sempre a ser estudada. Um marco na cultura do entendimento sobre o tema. Parabéns pelo artigo”

    • Mário Joanoni

      Nota – Logicamente nem todos os voluntários espíritas que recebem pessoas com doenças mentais nas Casas Espíritas são ignorantes sobre o tema. Mas num quadro geral, há um despreparo enorme para se lidar com a situação e muito prenconceitos sobre o assunto.

  • João Eduardo Ornelas

    Dora, mais uma vez, um excelente e necessário texto. Concordo que, a visão passada pelo movimento espírita é equivocada. O Livro Mémorias de um Suicida é simplesmente aterrorizante em algumas partes. A familia de um suicida que tem contato com essas “informações”, longe de ser consolada, entra em desespero. Creio que essa visão se apoia num estudo reduzido das obras de Kardec, ou seja, somente uma lida em o LIvro dos Espíritos, sem se deterem nas demais obras que tem a função de complementar os ensinos. Caso lessem com atenção o livro O Céu e o Inferno, não incorreriam nestes enganos. Toda morte, não somente o suicídio, são levados em contas os atenuantes e os agravantes. Acontece que a maioria pauta-se mais por obras psicografadas e esquecem Kardec.

    • Caio Cardinot

      Não tenho dúvidas de que você não leu a obra por completo João. Se o tivesse feito, estaria com os olhos orvalhados de consolação. Palavras de quem teve um parente que se suicidou…

  • Mario Sergio Silveira

    Dora, gratidão por seu lúcido artigo sobre o suicídio e também pela clareza de suas reflexões sobre o moralismo do movimento espírita. Creio que podemos afirmar que seguimos uma ética Kantiana, do imperativo categórico universal. Ainda ontem ouvi palestra de expositor espírita em que a um só tempo convidava o público a reflexões em torno do Evangelho e nos enchia de culpa.
    O sentimento de culpa pede castigo, dor e sofrimento, perpetuando os “vales” onde se aglomeram por densidade consciencial os sofredores que poderão ser manipulados por organizações criminosas. Infelizmente culpa e medo são sentimentos da alma incentivados pelas religiões em troca da salvação.

  • Mário Sérgio L Da Rocha

    Agradeço pelo texto; ele vai de encontro as necessidades espirituais que se apresentam nesse mundo contemporâneo e nos estimula à reflexão.

  • Joás

    Penso que esse artigo ficou muito tendencioso, contra o livro de Ivone. Notei que a autora não se sente a vontade até mesmo com termos utilizados por Kardec. Todavia, o que me deixou mais pensativo foi o que ela escreveu no parágrafo 18, vejamos:
    “Quando ele pratica esse ato, ele está se ferindo a si mesmo. Agora, que espécie de Pai seria Deus se ainda punisse esse ato, se nós, pais terrenos, imperfeitos, ao vermos uma criança se machucar a si mesma, seja por descuido, teimosia ou inexperiência, corremos a socorrer a criança, trazendo remédio, enxugando as lágrimas, cercando de consolo? Não consideraríamos abaixo de qualquer crítica um pai ou uma mãe que ainda espancassem a criança machucada ou a deixassem chorar sem socorro, ou se sentissem pessoalmente ofendidos com a queda do pequeno?”
    Penso que a irmã esqueceu de mencionar que esses Espíritos são irmãos IGNORANTES, DESEDUCADOS das leis divinas e que os Bem Feitores da humanidade nos ensinam que O SOFRIMENTO é REMÉDIO, que a DOR é um MECANISMO PEDAGÓGICO que DEUS usa para nos EDUCAR.
    Concordo com o irmão Marcelo, o livro da Ivone não é uma leitura que visa ATERRORIZAR e sim INFoRMAR.
    Me lembrei de uma história do nosso CHICO:
    Quando ele entregou o livro Nosso Lar para ser inspecionado e editado pela FEB, onde o presidente da época ao ler os relatos do Espírito André Luiz, se espantou com os detalhes de sofrimento e os quadros bizarros apresentados pelo autor espiritual, pedindo para Chico falar com André Luiz a respeito dos “exageros”. A resposta do benfeitor foi surpreendente, retiraria e adaptaria o texto, pois se o presidente da FEB, homem letrado, estudioso da Doutrina Espírita não estava em condições de entender e assimilar aqueles conhecimentos, imagina os leitores.
    Penso também que a autora desse artigo, a irmã Dora Incontri, poderia usar a oportunidade para o COMBATE FERRENHO ao suicídio, já que as estatísticas são alarmantes.
    Para finalizar, como o irmão Marcelo, indico a leitura da obra “Memórias de um suicida”, livro muito esclarecedor e de uma importância enorme para a Doutrina Espírita e que já esclareceu muitos irmãos, como eu.

    Deus continue te abençoando irmã Dora, seu trabalho é maravilhoso.
    Que Jesus conforte o coração desses irmãos e que a paz do mestre amado esteja conosco.

  • Max de Paula

    Novamente Dora Incontri nos surpreende positivamente. Resgate do bom senso à maneira de Kardec. Para além da mortificação da alma que atavismos religiosos presentes majoritariamente no movimento espírirta acabam por reproduzir, em relação não apenas à questão delicadíssima do suicídio. Por exemplo, em passado recente, fui a um centro espírita bastante reconhecido por seu trabalho realizar uma terapia espiritual (como se costuma denominar) em benefício de um familiar meu. Lá chegando esclareci da mediunidade desse familiar e de sua resistência e temor a exercê-lo de modo dirigido (e auto dirigido, é claro!). O confrade que me atendeu na entrevista inicial, sem ao menos tomar conhecimento da real individualidade de meu familiar, extremamente católico, estabeleceu logo as condenações espiritistas: “é uma prova ou expiação”, “foi uma escolha ou imposição” “caso não o exerça, sofrerá e será cobrado”, etc etc. Quantas publicações espiritistas estão eivadas de ameaças a estágios nos umbrais e vales circunscritos… Uma publicação recente fala de um tal “Vale dos Espíritas”. Sempre a cultura da culpabilização e execração do que nossa transitória imanência carnal nos condiciona como aprendizado (aprendizado!). E o movimento espírita majoritariamente se autoreflexiona com um estado de consciência que se torna uma espécie de matrix: plasma-se com uma grande afinidade de pensamentos assim uma realidade de mera administração das dores íntimas em que cada próximo geralmente acaba por permanecer preso ao desejo de salvação individual (salvacionismos). E ai, de pouco adianta os alertas sobre a crise de vontade esmiuçada por Leon Dennis. Vontades aprisionadas ao caritatismo egoista. Você, Dora Incontri, poderia nos brindar com um artigo sobre essa “psicologia de massas ou de vanguarda” do movimento espírita?

  • irene Alves André

    Dou graças a Deus ao ler este artigo, e ver que janais julguei ou condenei um suicida, sempre digo que são almas completamente desesperadas e enfermas. É bom saber que já estamos errando mesmo. Parabéns a Sra. Dora Incontri por um artigo tao esclarecedor e humano.

  • Caio Cardinot

    Belo texto Dora, mas cuidado com as opiniões pessoais. O Espiritismo precisa de menos achismo e mais Kardec, que ensinou que só há um critério de validação para o Conhecimento Espírita: o Controle Universal do Ensino dos Espíritos. Assim, se quisermos falar em nome da nossa Doutrina, é preciso respeitar nossas limitações intelectuais, ainda que sejamos sumidades em outras áreas. Tudo o que está exposto em o livro Memórias de um Suicida é bastante racional, e sem é bem verdade que a existência de fatos como o Vale dos Suicidas não foi ainda comprovado pelo Controle Universal do Ensino dos Espíritos, ele é racionalmente plausível, o que invalida qualquer especulação de nossa parte no sentido de negá-lo. Aguardemos a concordância dos Espíritos e não nos apressemos em invalidar aquilo que não nos agrada. O Espirtismo precisa de nossa dedicação abnegada, e não de formadores de opinião. Para essa tarefa, ele conta com Espíritos de grande elevação em sua condução, “ao lado do qual somos simples átomos”.

    E por falar em Kardec, relembro a você o que ele colocou como prefácio da Prece aos Suicidas, em O Evangelho Segundo o Espiritismo:

    “Jamais tem o homem o direito de dispor da sua vida, porquanto só a Deus cabe retirá-lo do cativeiro da Terra, quando o julgue oportuno. Todavia, a justiça divina pode abrandar-lhe os rigores, de acordo com as circunstâncias, reservando, porém, toda a severidade para com aquele que se quis subtrair às provas da vida. O suicida é qual prisioneiro que se evade da prisão, antes de cumprida a pena; quando preso de novo, é mais severamente tratado. O mesmo se dá com o suicida que julga escapar às misérias do presente e mergulha em desgraças maiores.”

  • Zilda Santiago Maciel

    Concordo em gênero ,números e graus com o companheiro Joás,Amei o artigo,mas fazendo todas estas ressalvas e ainda lembrando que tb discordo de algumas palavras na codificação,mas atribuo a linguagem da época,tanto dos encarnados como dos desencarnados.Trabalho com grupo de estudos,da Doutrina Espírita e sempre oriento esta linha para se falar sobre suicídio ou aborto até em respeito à algum familiar presente.Sei que tem os os que fazem a linha da igreja dogmática mas por falta do estudo de kardec com entendimento correto.Também recomendo MEMÓRIAS DE UM SUICIDA COMO LIVRO DE EXCELÊNCIA.Qdo vc compara que nós humanos pais que erramos não codenamos os filhos em algumas situações,discordo completamente,quando não punimos os erros dos filhos eles irão aprender na cracolândia e similares.NÃO PUNIMOS PRA SEMPRE…ASSIM COMO APRENDEMOS COM O ESPIRITIMOS,que o maior sofrimento do suicida é pensar que aquele sofrimento será eterno.Se tem vale ou não,não importa o nome que se dê…São apenas palavras

  • Pedro Pail

    É tudo como penso há tempos, e essas linhas corroboram …. há muitos católicos retornando com os vícios do passado!!! Temos que levar em conta isso em toda leitura e pesquisa !!! Beijão Dora ….

  • aracy tintori marghieri

    A Doutrina é sábia, lúcida e leva ao raciocínio. Porém muitos núcleos espirítas continuam “igrejeiros”….enchem a Casa Espirita de rituais, fazem verdadeiros “sermöes” quando usam a tribuna…às vezes dá Para ver o perispírito deles usando batina…Divulgem mais esses estudos, o movimento precisa ser “arejado”.Kardec com certeza vai agradecer. Obrigada.

  • Paula

    Muito obrigada, Dora. Estava precisando de um texto com este nível de ponderação e acolhimento. Muito obrigada

  • Suicídio – a visão espírita revisitada | A derrota dos sentidos

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  • Matheus Aragão

    Como um quase suicida, concordo com a idéia de que temos de ter compaixão por aqueles que se suicidam, evitar condená-los. Sim, tudo é um aprendizado. E concordo que não se pode tratar esse tema nas casas espiritas de forma simples, pois cada um tem sua historia e as causas da depressão são inumeras, sérias e não devem ser tratadas como coisas simples que uma mera receita vai resolver. Mas vou lhe dizer uma coisa: o que me impediu de fato de ter cometido tal ato, foi ter percebido através das obras espiritas, inclusive a obra criticada por você de Yvonne Pereira do Amaral, de que as consequencias para isto são ruins, que tenta se escapar de um sofrimento para cair em outro ainda pior.
    Quanto ao uso dos remédios…não sei…sinceramente apos tomá-los pro dois anos não enxerguei muito auxilio deles. Apenas durante a fase aguda, pra tirar da prostação. Mas de forma continuada, como os psquiatras defendem, achei ridiculos seus efeitos.

  • Paulo Rezende

    Dora, grato por abordar este tema de forma lúcida e destemida. Ele é um tabu no Movimento é nas Casa Espíritas. Eu o venho estudando há algum tempo. A observação e o estudo me permitiram algumas conclusões que gostaria de compartilhar :
    São múltiplas as causas e o tratamento e multidisciplinar. Dentre as causas , destacam-se hoje os transtornos mentais, principalmente a depressao.
    O vetor que gostaria de abordar neste espaço e o espiritual. Ele é parte, a meu ver, essencial do processo terapêutico. Não apenas o tratamento fluidoterapico, de equilíbrio de energias, mas o conhecimento da verdade sobre si mesmo. Saber que somos um espírito eterno faz toda diferença na condução das nossas vidas. Torna patente ao espírito a responsabilidade pelos seus atos.
    Tenho plena convicção que a certeza da imortalidade e o remédio mais eficaz para prevenção do Suicidio.
    É neste ponto que acho que o Movimento é os Centros Espíritas estão totalmente ausentes. Temos mais de 6000 Centros no Brasil e nenhuma ação concreta, estruturada, para somar forças no enfrentamento do problema.
    Delegamos ao CVV essa responsabilidade. Estão sozinhos nessa luta, com louváveis esforços.
    E nos, espiriitas, o que estamos fazendo de concreto? Agindo intramuros, fazendo palestras e estudos para nós mesmos.
    Penso que contas nos serão cobradas: muito conhecimento nos foi oferecido e o que fizemos dele?
    Em resumo: precisamos sair da letargia. Envolver o Movimento é as Casas Espíritas num trabalho estruturado e sistemático valendo-se de todos os canais de atendimento hoje disponíveis. Temos o melhor Médico , que é Jesus, e a medicação mais eficaz, que são os seus ensinamentos, que curam as enfermidades reais, que residem em nossas imperfeições morais. Não usá-las não é omissão de socorro?
    Apreciaria o comentário de todos os que me dessem essa honra e em especial da Dora.
    Muito Grato

  • Sâmia Carvalho Pimentel

    Ótimo texto. É estudando e fazendo reflexões de forma raciocinada, sem perde o olhar amoroso, que vamos aprendendo e colocando nos dias de hoje, um pensamento mais libertário dos nossos atavismo em relação a temas tão presentes nos dias atuais.

  • Gustavo

    Enquanto o pensamento religioso, dogmático e acrítico predominar nas casas espíritas, teremos esta visão punitivista e cruel das leis divinas que, a exemplo do que se no mundo jurídico, muitas vezes transformam vítimas em criminosos e párias sociais.

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